By Laryssa Vannucci |
Morei durante toda a minha
infância em uma cidade com muito verde e depois de alguns anos morando em uma
cidade grande sentia falta de alguma coisa que não sabia explicar. Ao começar a
acampar essa pergunta foi respondida, eu sentia falta da energia que a Natureza
proporciona. Pensava na minha infância brincando na rua, correndo para pegar
vaga-lumes em potes de maionese com tanta árvore e tanto verde, colhendo fruta
do pé e pensava na infância das minhas filhas, tão diferente da minha.
O resgate dessa simplicidade foi o que me
encantou de cara. Mas havia ainda um grande receio quanto ao desconhecido, a estrutura,
à logística, as crianças. Começamos por campings mais estruturados e próximos
de casa mas que tivessem natureza, paisagens bonitas, e aos poucos fomos nos
aventurando, um camping rural aqui, outro ali, uma trilha para uma cachoeira,
uma trilha um pouquinho maior porque aquela cachoeira valia à pena, e de
repente nossas prioridades de estrutura já não eram tantas assim. Aprendemos a
nos virar, a improvisar. Às vezes o menos se torna mais, e para conseguir o
silêncio ou aquela paisagem de tirar o folego era preciso abrir mãos de algumas
coisinhas. Já abrimos mão de banho
quente e energia elétrica, enfrentamos quilômetros de estrada de terra,
atolamos o carro, adaptamos o cardápio para o que era possível comprar,
compramos outra barraca para tipos de acampadas diferente, e muito mais. Hoje
em dia se o lugar valer a pena, nós encaramos. As crianças se adaptam com uma
facilidade muito maior que os adultos e tudo vira história que rende umas boas
risadas depois. Para eles tomar um banho gelado é uma aventura e usar a
lanterna e cozinhar a luz de velas é mágico! Hoje em dia camping bom para nós é
aquele em um lugar bonito, com silencio, pessoas bacanas e que respeitam o
próximo.
Vivemos em um mundo tão
caótico que ao acampar conseguimos folego para prosseguir, para encarar as
dificuldades e os tropeços da vida. Passando alguns dias na companhia de quem amamos,
sem status e disputas ou cobranças sociais. Nos lembramos o que realmente
importa na vida e que não precisamos de muito para ser feliz.
Fazer bons amigos está na
minha lista de motivos para acampar. Inevitavelmente você vai encontrar no
camping alguém que tenha muito em comum com você, não tem como fugir disso!
Afinal, não é qualquer um que encara um acampamento. Fizemos inúmeras amizades
nos campings da vida. Algumas saíram do ambiente do acampamento e adentraram a
nossa casa. E as crianças então, quantos amigos para vida toda a minha filha
teve em um final de semana! Brincar de lanterna, subir em árvores, pega–pega no
escuro, pular poças de lama, comer na barraca do vizinho, fazer um piquenique e
comemorar um aniversário com amigos que nunca viu na vida. Um amigo no camping
é um parceiro de aventuras daqueles que ficam na memória de uma infância feliz.
Aprender a compartilhar e se
virar nas adversidades são outras características de quem acampa. No camping o
espirito é esse. Juntar os brinquedos para uma brincadeira, as panelas para uma
refeição. Ajudar quem está em apuros e combinar um passeio com aquelas pessoas
que você acabou de conhecer.
Me pego pensando como vamos
criar a geração que deve salvar o mundo a preservar a natureza se a maioria não
tem contato com a ela. Como preservar aquilo que você não conhece? Conheço crianças que já com certa idade sequer
tinham pisado na grama em época de grama sintética nas escolas, e parquinhos
emborrachados. Fica difícil mostrar aos pequenos o mundo que eles precisam
preservar! A gente só cuida do que ama, mas para amar precisamos conhecer! Ver
o como a Natureza é maravilhosa, aprender a admirar a beleza do pôr do Sol, a
chuva, o canto dos pássaros, a beleza das flores e das cores que podemos ver
por aí. Desfrutar de todos os benefícios que ela nos dá. Acalmar a mente,
aquietar a alma, recarregar as energias. Quem nunca comenta o quanto está se
sentindo melhor depois de um final de semana no campo, ou mesmo um banho de
cachoeira? O ser humano sente falta dessa conexão com a natureza, só não
percebe porque não dá tempo...
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